mindemptiness

Hoje eu acordei me sentindo estranha. Não sei explicar qual tipo de estranho era. Não era só mau humor, frustração (por ter acordado tarde e portanto não ter dado conta de fazer tudo o que eu tinha planejado para o período da manhã), também não estava me sentindo particularmente deprimida. Eu só estava com uma sensação de que eu não queria estar aqui (mas não de um modo depressivo, entende?).

Agora a tarde esteva fazendo algumas traduções pra postar ao longo do mês, lembrei de quando eu postava quase todos os dia. Li alguns posts antigos, pensei em como era a minha vida quando os escrevi, o que a Ichigo daquela época pensaria da Ichigo de hoje. Isso despertou o sentimento de nostalgia.

Paralelamente, eu estava planejando minha festa de aniversário que vai ser nesse sábado, a cabeça fervendo com coisas pra organizar pro Ressaca Friends, pensando no jantar de aniversário quinta-feira (que é o dia do meu aniversário de fato), pensando sobre todas as coisas que quero fazer em São Paulo entre o final de semana e o feriado.

E eu fiquei assim, pulando do passado distante, pro futuro que vai acontecer em breve, pra um pouco mais adiante, pra trás de novo... e o único lugar em que minha cabeça não estava é no aqui e no agora.

Dizem que o agora é tudo o que a gente tem. Mindfulness fala sobre a importância de estar presente, de focar no agora. Eu me sinto completamente incapaz de fazer uma coisa dessas. Eu rio pensando coisas como: "Esse momento agora? Sério? Será que esse momento em particular é algo que eu realmente quero viver?". Sempre tem algo mais preocupante, mais empolgante, mais importante no futuro. E sempre tem alguma boa memória no passado. Mas eu também me pego pensando qual a diferença entre as boas lembranças de antes com as memórias que eu poderia (sempre uma possibilidade, não uma ação) estar construindo hoje.

O que me ocorre é que todas as vezes que eu fiz boas memórias eu estava despreocupada com o que eu tinha pra fazer dali uma hora, uma semana, um mês. Não estava preocupada com prazos, orçamentos ou mensagens pra responder. Todas as vezes que eu estava presente, eu fui feliz. Isso deveria fazer eu mudar minha atitude, mas só faz eu me sentir culpada.

Não é questão também de estar ociosa ou entediada, porque eu tenho sido produtiva o bastante para não me culpar pelo menos por isso. Tenho ganhado meu dinheiro, pagado minhas contas. Você sabe, o que esperam de um adulto funcional. Mesmo assim, nada disso dá uma sensação de realização ou ao menos de dever cumprido.

Por hora, eu continuo me preocupando com o que eu deveria estar fazendo pra transformar esse dia comum sem nada de especial em algo extraordinário, sem fazer nada a respeito de fato, além de pensar e me culpar.

Acabei de ver um vídeo falando do Eclipse que acontece amanhã e tudo fez sentido. Chamaram até de Ragnarok. Tamo lascado.